20051128

A Democracia Encurralada

O sistema eleitoral português não permite, ao contrário de outros países, que um perfeito desconhecido possa apresentar-se como candidato, e ser eleito. O único acto eleitoral, em que supostamente os candidatos são independentes, isto é, a eleição para o Presidente da Républica, provou ser o mais partidarizado de todos! Não só pela origem inequívoca das candidaturas, como também pela barreira das 7.500 assinaturas, que ao cidadão independente, se apresenta como um obstáculo real e intransponível...

Quando nos apresentámos em 15 de Agosto deste ano, estávamos conscientes do grande desafio que esta candidatura representava, mas guardávamos ainda, secreta e inocente esperança, de que tal candidatura fosse possível. Hoje, volvidos que são três mezes sobre esse dia, sabemos que não conseguiremos atingir nem sequer o objectivo mais básico: apresentar uma candidatura independente. Depois da Eng.ª Maria de Lourdes Pintassilgo, que tinha consigo a vantagem de ter sido a primeira mulher Primeiro-Ministro em Portugal, nunca mais tivemos qualquer candidatura que estivesse fora do apertado regime partidário e, o que é mais importante, fora das suas regras implacáveis de sucessão, de manutenção, e de convivência saudável com o inimigo.

Perdemos assim a oportunidade de ter um candidato que não acredita na justiça portuguesa, nem na bondade dos juizes, nem na eficácia dos funcionários, nem na competência dos advogados; um candidato para quem existem crises maiores do que a financeira, perigos maiores do que os incêndios, inimigos maiores do que os óbvios; um candidato que está cansado de viver num país de prostitutas e de chulos, um país onde tudo se vende e tudo se compra, onde já nada é sagrado, e vale tudo, até tirar olhos.

De resto, está de parabéns a comunicação social, pelo silêncio de chumbo...

Hélder Cerqueira
Candidato à Presidência da República

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Tantos candidatos à Chefia do Estado; Helder Cerqueira (?), José Maria Martins (?), o advogado de Carlos Silvino, um professor universitário do Porto (a quem Marcelo R. de Sousa se referiu como «... um tal de...», quando comentava o tema) do qual eu não me recordo do nome (pudera, a comunicação social ignora-os, censura-os, boicota-os só dando uma breve notícia para descargo de consciência e para dizer que houve igualdade de oportunidades), Gonçalo da Câmara Pereira (?)... Os pontos de interrogação significam que eu, tal como a esmagadora dos portugueses, não sabem muito bem se estes senhores -senhoras, nem ve-las! Não há , nestas presidenciais, uma única candidatura feminina nem nos partidos que tanto bradam a igualdade entre os sexos. Ainda não calhou... - estão de facto na corrida à presidencia da república até ao fim e se vão mesmo constar nos boletins de voto. O único dos outsiders, dos excluidos, dos rejeitados, dos candidatos de segunda, que parece que vai conseguir ir até ao fim é o persistente e eterno candidato a tudo quanto é eleições, do PCTP/MRPP, Garcia Pereira mas mesmo esse é ignorado. Debates, entrevistas e notícias de campanha que o ainda não é(?) só para os 5 da vida airada que é como quem diz os candidatos oficiais da República - embora Manuel Alegre seja um caso particular. Só aparece porque apesar de não ser o candidato de qualquer partido do regime, tem força e apoios suficientes da gente do sistema e por, de certa forma, servir de candidato suplente do PS no caso de Soares falhar. Embora o candidato já tenha afirmado que não tem nem quer ter nada a ver com o PS, basta conseguir superar Soares e passar a uma hipotética segunda volta para dar o dito pelo não dito, correndo Alegre e o PS mutuamente para os braços um do outro. Para além disso, esta candidatura, serve de pretexto para a comunicação social afirmar que também divulga candidaturas extra-partidárias. Que pouca vergonha! Que falta de Ética Democrática! Sim, democrática, que ética republicana eu não sei o que é e pelos vistos quem a invoca também não! E depois ainda dizem os detractores da Monarquia (muitos deles gente ligada à comunicação social) que esta não premite a igualdade de oportunidades! Este tipo de lamentaveis e vergonhosos golpes baixos, enxovia e batota só vem reforçar as nossas razões, os nossos argumentos, a nossa Causa e dar animo a quem como eu defende de forma intransigente uma Chefia de Estado de todos e para todos, isenta e limpa, que permita a igualdade de oportunidades entre sexos e que permita que mesmo individuos menores de 35 anos atingam o vértice do Estado e não apenas individuos do sexo masculino ciquentões ou sessentões ou até a vetusta brigada do reumático (que redutor e que falta de diversidade nos impõe a República!). Por cada dia que passa devemos ser cada vez mais monarquicos.
«A República é mais barata» - dizem eles. É é; estas presidenciais devem ser baratinhas! Vão ser as mais caras de sempre. Depois veremos! Em comparação com o que se passa noutros países, também se vê que é barato! E mesmo que assim fosse, é uma questão de relação qualidade/quantidade; é a velha estória do barato sai caro, ou do ruim é barato, o bom é caro). «É anacrónica e deve ir para o museu de História» - querem eles errada e enganadoramente fazer crer, por força, ao povo - «a República é sinónimo de modernidade». Chiça! Se a modernidade é isto e outras tristezas (e tragédias) que se vê em países republicanos por esse mundo fora então eu só posso dizer: Viva a antiguidade!!!

12:50 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Muito bem falado, caro Paulo Selão, ganhou um admirador!

3:14 da tarde  

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