20051103

Protesto e Fidelidade

Meu Caro Diogo Dantas:
Sou monárquico, conscientemente, pelo menos desde a juvenil idade dos dezassete anos. Como a idade para votar, no nosso País, se inicia com a maioridade, aos dezoito, posso dizer que, eleitoralmente, o meu monarquismo existe desde sempre. Nunca coloquei a questão de escolher um dos candidatos que se apresentassem à Chefia do Estado num sistema republicano, por acreditar que a opção por qualquer mal, mesmo que considerado menor, seria sempre capitulação inaceitável, donde, conivência com o mal.
Como exprimir então o meu protesto e reiterar a minha fidelidade à Casa Real Portuguesa?
Nas primeiras eleições em que pude participar optei por votar branco e não por me abster, não comparecendo no local de voto. Parecia-me que ficar em casa poderia ser entendido como pura cedência à preguiça e, assim sendo, não constituir forma de protesto suficientemente forte, face à usurpação republicana da Forma de Estado.
Em diálogo porém com um Querido Amigo, Seu conterrâneo, que, ultra-monárquico, nunca se havia dado ao trabalho de aparerecer nas mesas de voto de presidenciais, foi-me por ele aduzido um argumento que me fez arrepiar caminho: encarar a simples ida à secção de voto como passível de ser entendida qual reconhecimento de legitimidade da farsa referendária do que irreferendável é, ou deveria ser. Desde aí, não mais me desloquei ao local de votação.
Muito recentemente, um jovem monárquico da blogosfera, o Sandokan de «Curtas e Rápidas» advogou, no seu blogue, a ideia do voto nulo, através da inscrição da frase «viva o Rei» no boletim, o que teria a vantagem de firmar a posição, sem que, como na simples abstenção de optar entre os nomes do venenoso cardápio, se pudesse acreditar que a recusa da cruzinha ficasse a dever-se, unicamente, ao facto de que nenhum dos candidatos tivesse agradado.
Em última análise, a minha posição é esta: não havendo da parte de Sua Alteza Real o Senhor Dom Duarte qualquer indicação de preferência por uma destas três formas de demarcação, cada monárquico deve optar pela que, psicologicamente, for mais conforme ao seu carácter. Nenhum de nós tem a totalidade da Verdade no bolso e, desde que sejam salvaguardados os Grandes Princípios, qualquer concretização deles parece digna e procedente no que à fidelidade à causa concerne.
Abstenhamo-nos, pois, como melhor nos aprouver.
Creia-me admirador sincero pela disponibilidade e dedicação ao Bom Combate que demonstra.

Viva El-Rei
Paulo Cunha Porto

10 Comments:

Blogger Flávio Santos said...

«Abstenhamo-nos, pois, como melhor nos aprouver.» Gostei da forma como reduziste a três hipóteses a uma só!
Eu em 1996 votei nulo, escrevendo em maiúsculas «Viva a Monarquia» com tal furor que o ruído da esferográfica no tampo de zinco ecoou pela assembleia de voto...
Das outras vezes abstive-me com todo o desprezo que se pode ter por tão ignominiosa instituição como é a República.
Saudações especiais ao Diogo por este espaço.

3:37 da tarde  
Blogger Flávio Santos said...

Já agora peço ao Diogo que corrija o «pontos de vida» que aparece no fundo da página.

3:41 da tarde  
Blogger DAD said...

Obrigado pela chamada de atenção, está corrigido!

4:07 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Uma nota breve...

O Senhor D. Duarte não tem que dar orientação de voto aos monárquicos, embora eu me pareça (sem ter a certeza absoluta sobre o seu pensar e agir nesta matéria) de que ele é a favor do voto em branco...!

Contudo cada um de "nós" é livre de votar como quer... para mim o voto em branco tem uma força enorme...!

11:21 da tarde  
Blogger Paulo Cunha Porto said...

Esclarecimento:
Como creio ser claro, não disse que o Senhor D. Duarte tenha que dar qualquer orientação. Unicamente pretendi significar que, na falta dela, as três formas de vincar a posição me parecem dignas e procedentes.
Mas obrigadíssimo, António da Cunha, por me dar ensejo de precisar este ponto.

1:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ainda há monárquicos?

5:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Grande Post!

12:12 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Há e cada vez há mais, garanto-lhe!

Eu estou cada vez mais perto de sê-lo e digo-o com muita honra, olhando à minha volta...(para o País e para quem nos governa, quero eu dizer).

Já se viu pior bando de corruptos, ladrões e criminosos, em algum País do mundo?!? Eu não! Se calhar até os há, mas eu sou deste e é neste que vivo, pelo que é este que me interessa.

Maria.

11:42 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Há e cada vez há mais, garanto-lhe!

Eu estou cada vez mais perto de sê-lo e digo-o com muita honra, olhando à minha volta...(para o País e para quem nos governa, quero eu dizer).

Já se viu pior bando de corruptos, ladrões e criminosos, em algum País do mundo?!? Eu não! Se calhar até os há, mas eu sou deste e vivo neste, pelo que é este que me interessa.

11:45 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Peço desculpa pl'o post ter saído em duplicado e o segundo não assinado.

Maria.

11:49 da tarde  

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